Um encontro discreto. Bem discreto, aliás. É madrugada e a névoa, transilvânica. Cheia de manias e toda dengosa, a mulher ajeita o quimono. O homem, pinta de galã, veste terno.
Aí tem. Chama João Kléber.
A imagem consta da décima segunda edição do sexto volume da Bungei Kurabu 文藝倶楽部, revista literária comercializada de 1895 a 1933 para um público-alvo majoritariamente feminino.
Mizuno Toshikata foi um sujeito sem sorte, nascido na época errada, assim como os conterrâneos Toyohara Chikanobu 豊原周延 (1838-1912), Ogata Gekko 尾形月耕 (1859-1920), Kobayashi Kiyochika 小林清親 (1847-1915) e Tomioka Eisen 富岡永洗 (1864-1905). Isso porque o ukiyo-e 浮世絵 estava em franco declínio e a xilogravura japonesa ainda não renascera com os movimentos shin-hanga 新版画, inspirado no método tradicional do ukiyo-e, e sosaku-hanga 創作版画, em que o indivíduo se encarregava de conceber, entalhar, imprimir e editar as próprias obras. Assim, oportunidades de trabalho se limitavam a ilustrações para jornais e kuchi-e 口絵, frontispícios de revistas e romances água-com-açúcar publicados no final do século 19 e início do século 20.
Título: Kiri no naka no koibito tachi / Ai no furawabuke 霧の中の恋人たち / 愛のフラワーブーケ (c. 1900-1910)
Artista: Mizuno Toshikata 水野年方 (1866-1908)
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