É noite em Tóquio. Um tengu 天狗 alado, a pele vermelha de pimenta malagueta, a barba e os cabelos desgrenhados de profeta dos últimos dias, se mantém firme e forte enquanto disputa cabo-de-guerra com dois citadinos. No lugar da corda, o nariz comprido de salsicha alemã. A criatura veste indumentárias características dos monges ascetas das montanhas yamabushi 山伏: a cinta de pompons yuigesa 結袈裟 e o chapéu de osso tokin 頭襟, por exemplo. Na mão, o lendário leque hauchiwa 葉団扇, responsável por vendavais quando abanado.
À esquerda, dois espectadores tacam lenha na fogueira e instigam a dupla enquanto caçoam dos seus esforços inúteis. O tengu é forte. Marombado. Ao fundo, um portal torii 鳥居 e um edifício em estilo ocidental com três relógios de ponteiro desajustados.
Mencionado no título, Konpira 琴平 é o nome popular pelo qual é conhecido o santuário Kotohira 金刀比羅宮, local de repouso eterno do imperador Sutoku 崇徳天皇 (1119-1164), convertido após a morte em um poderosíssimo tengu, considerado o pior yokai da história do Japão 日本三大悪妖怪.
Imagem: Toranomon Konpira jinja shussei tengu daitengu no hana nejirantosu 虎ノ門琴平神社 出生天狗 大天狗の鼻ねじらんとす (1881)
Série: Tokyo kaika kyoga meisho 東京開化狂画名所
Artista: Tsukioka Yoshitoshi 月岡芳年 (1839-1892)
postagem em parceria com @pictures_of_the_floating_world