IMPLANTE EM SI MESMO OS IDEAIS QUE VOCÊ DEVE PREZAR
Apegue-se ao que é espiritualmente superior sem fazer caso do que as outras pessoas pensam ou fazem. Mantenha-se fiel às suas verdadeiras aspirações, não importa o que esteja acontecendo em torno de você.
A BUSCA DA SABEDORIA ATRAI CRÍTICAS
Aqueles que buscam uma vida de sabedoria mais elevada, que procuram viver de acordo com princípios espirituais, devem estar preparados para serem ridicularizados e condenados.
Certas pessoas que, com o tempo, baixaram seus padrões pessoais tentando conquistar a aceitação social e as comodidades da vida sentem-se profundamente ameaçadas por aqueles que demonstram uma tendência filosófica, que se recusam a comprometer seus ideais espirituais e buscam aprimoramento. Não deixa que essas almas pequenas sejam uma referência em sua vida. Tenha compaixão delas, mas se mantenha firme no que você sabe ser o seu bem.
Quando você iniciar seu programa de progresso espiritual, é possível que as pessoas mais próximas caçoem de você ou o acusem de estar sendo arrogante.
Cabe a você comportar-se com humildade e seguir com rigor e persistência seus ideais morais. Mantenha-se fiel ao que você sabe, no fundo de seu coração, ser o melhor. Se você se mostrar inabalável, as próprias pessoas que o ridicularizaram passarão a admirá-lo.
Se você permitir que as opiniões mesquinhas dos outros o influenciem a ponto de fazê-lo vacilar em seus propósitos, terá dois motivos para se envergonhar.
O AUTODOMÍNIO É A NOSSA VERDADEIRA META
O mal não é um elemento natural no mundo, nos acontecimentos ou nas pessoas. O mal é um subproduto da negligência, da preguiça, da distração: surge quando perdemos de vista nossa verdadeira meta na vida.
Quando lembramos que nossa meta é o progresso espiritual, voltamos a nos empenhar em nosso aprimoramento pessoal e mantemos o mal a distância. E é assim que se conquista a felicidade.
PREZE A SUA MENTE, CUIDE BEM DA SUA RAZÃO, AFERRE-SE AO SEU PROPÓSITO
Não renuncie à integridade da sua mente. Se alguém desse o seu corpo para um passante qualquer, você naturalmente ficaria furioso.
Por que, então, você não sente vergonha em entregar sua preciosa mente a qualquer pessoa que queira influenciá-lo? Pense duas vezes antes de abrir mão da integridade de sua mente para alguém que talvez mais tarde venha a ofendê-lo, deixando-o confuso e perturbado.
DEFINA CLARAMENTE A PESSOA QUE VOCÊ QUER SER
Quem exatamente você quer ser? Que tipo de pessoa você deseja ser? Quais são seus ideais pessoais? Quem você admira? Quais são as características especiais dessas pessoas que você gostaria de ter?
Está na hora de parar de ser vago e impreciso. Se você deseja ser uma pessoa extraordinária, se deseja a sabedoria, então deve identificar precisamente o tipo de pessoa que você aspira a ser. Se você tem um diário, anote o que está tentando ser de modo que possa consultar essa autodefinição. Descreva exatamente a conduta que quer adotar para que possa mantê-la não só quando se encontrar sozinho como quando estiver na companhia de outras pessoas.
FALE APENAS COM UMA BOA FINALIDADE
Dá-se muita atenção à importância moral de nossas ações e de seus efeitos. Os que procuram viver uma vida mais elevada passam também a compreender o poder moral de nossas palavras, tantas vezes esquecido.
Um dos sinais distintivos mais claros da vida moral é o discurso correto. O aperfeiçoamento de nosso discurso é um dos princípios básicos de um programa espiritual autêntico.
Antes de mais nada, pense antes de falar para ter certeza de que está falando com uma boa finalidade. O falatório vazio é um desrespeito aos outros. A exposição inconsequente de sua intimidade é um desrespeito a você mesmo. Inúmeras pessoas sentem-se impelidas a dar vazão a cada sensação, pensamento ou impressão passageira que têm. Despejam ao acaso seu conteúdo mental sem fazer caso das consequências. Isso é algo moralmente perigoso. Se tagarelarmos sobre cada ideia que nos ocorre, seja pequena ou grande, corremos o risco de desperdiçar ideias que têm real valor em meio ao fluxo de trivialidades de uma conversa vazia. O falar irreprimido é como um veículo descontrolado desviando-se de um lado para outro até cair em uma vala.
Se for preciso, mantenha-se sobretudo em silêncio ou fale com moderação. O falar, em si, não é bom nem ruim, mas o falar descuidado é tão comum que você precisa estar atento. Uma conversa frívola é uma conversa prejudicial. Além disso, é muito indelicado ser uma pessoa tagarela.
Participe de discussões quando as ocasiões sociais e profissionais o exigirem, mas cuide para que o espírito e o intento da discussão, assim como o conteúdo, mantenham o seu valor. A conversa fiada é uma atividade sedutora. Não se deixe envolver por ela.
Não é necessário limitar-se a assuntos elevados ou filosofar todo o tempo, mas fique atento para que o falatório comum não seja considerado uma discussão de alto nível. Nesse caso, ele tem um efeito corrosivo ao objetivo superior que você escolheu. Quando tagarelamos sobre frivolidades, nossa atenção fica tomada por elas e nos tornamos frívolos. Você se torna aquilo a que dá atenção.
Nós nos tornamos mesquinhos quando nos envolvemos em conversas a respeito de outras pessoas. De modo especial, evite acusar, elogiar ou comparar pessoas.
Sempre que possível, quando perceber que a conversa em torno de você começa a descambar para o falatório fútil, tente trazer sutilmente o rumo da prosa de volta para assuntos mais construtivos. Se, contudo, você estiver cercado de estranhos indiferentes, pode simplesmente se manter calado.
Seja uma pessoa bem-humorada e não dispense uma boa risada quando for o caso, mas evite o tipo de riso desenfreado que se ouve em salões de bar e que degenera facilmente em vulgaridade ou malevolência. Ria com, mas nunca ria de.
Se puder, evite sempre fazer promessas frívolas.
Epicteto. A arte de viver: o manual clássico da virtude, felicidade e sabedoria. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.
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