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A arte de viver, parte 2

NÃO SÃO OS ACONTECIMENTOS QUE NOS FEREM, MAS A VISÃO QUE TEMOS DELES

 

As coisas em si não nos ferem ou nos criam obstáculos. Nem as outras pessoas. A questão está na forma como as encaramos. São nossas atitudes e reações que nos criam problemas.

Sendo assim, até a morte deixa de ser tão importante. É a nossa noção da morte, a ideia que fazemos dela que é terrível, que nos aterroriza. Existem muitas maneiras de pensar na morte. Examine suas noções a respeito da morte — e também sobre tudo o mais. Essas noções são de fato verdadeiras? Fazem algum bem a você? Não tema a morte ou a dor, tema o medo da morte ou da dor.

Não podemos escolher as circunstâncias externas de nossa vida, mas sempre podemos escolher a maneira como reagimos a elas.

 

 

CRIE SEU PRÓPRIO MÉRITO

 

Nunca dependa da admiração dos outros. Não há força nisso. O mérito pessoal não pode derivar de uma fonte externa. Não é encontrado nos relacionamentos pessoais nem na consideração de outras pessoas. É um fato da vida que os outros, mesmo aqueles que o amam, não concordem necessariamente com suas ideias nem o compreendam ou partilhem seus motivos de entusiasmo.

Cresça. Não é importante o que os outros pensam de você.

O mérito pessoal não pode ser adquirido pelo nosso relacionamento com pessoas de mérito. Você recebeu um papel a desempenhar e um trabalho a cumprir. Faça-o bem agora, dê o melhor de si e não se preocupe com quem o está observando.

Faça o seu trabalho sem se importar com as honrarias ou a admiração que vêm dos outros. Não existe mérito indireto.

A excelência e os triunfos das outras pessoais pertencem a elas. Da mesma forma, as coisas que você possui podem ser excelentes, mas sua excelência pessoal não deriva delas.

Pense nisto: o que é realmente seu, o que de fato lhe pertence? É o uso que você faz das ideias, dos recursos e das oportunidades que cruzam o seu caminho. Você tem livros? Leia-os. Aprenda com eles. Aplique a sabedoria que está contida neles. Você possui conhecimentos especializados? Faça bom e pleno uso deles. Você tem ferramentas? Vá buscá-las e construa ou conserte coisas com elas. Você tem uma boa ideia? Persiga-a e leve-a até o fim. Tire o maior proveito possível daquilo que você tem, do que é seu de verdade.

Você ficará merecidamente feliz e à vontade consigo mesmo quando harmonizar suas ações com a natureza reconhecendo o que é verdadeiramente seu.

 

 

CONCENTRE-SE EM SUA PRINCIPAL OBRIGAÇÃO

 

Existem tempo e lugar certos para diversão e distração, mas nunca permita que elas se sobreponham aos seus verdadeiros objetivos pessoais. Se você estivesse viajando e o navio ancorasse em uma enseada, você poderia ir à terra em busca de água e no caminho parar para pegar uma concha ou colher uma planta. Mas precisaria ter cuidado e ouvir o chamado do capitão, manter-se atento ao navio. Distrair-se com bobagens é a coisa mais fácil do mundo. Se o capitão chamasse, você teria de estar pronto para deixar de lado essas distrações e voltar correndo, talvez até sem tempo de olhar para trás.

Se você não for jovem, não se afaste muito do navio ou poderá não ter tempo de chegar lá quando o chamarem.

 

 

ACEITE OS ACONTECIMENTOS À MEDIDA QUE OCORREM

 

Não exija nem espere que os acontecimentos ocorram de acordo com suas expectativas. Aceite-os quando eles realmente ocorrerem. Dessa forma, a paz torna-se possível.

 

 

SUA VONTADE ESTÁ SEMPRE SOB SEU PODER

 

Nada pode de fato fazê-lo parar. Nada pode realmente impedi-lo de prosseguir. Porque sua vontade está sempre sob seu controle.

A doença pode desafiar seu corpo. Mas será que você é só um corpo? Suas pernas podem estar incapazes de andar. Mas você não é somente um par de pernas. Sua vontade é maior do que suas pernas.

Sua vontade não precisa necessariamente ser afetada por algum incidente, a menos que você o permita. Lembre-se disso com relação a tudo o que acontece com você.

 

 

UTILIZE INTEGRALMENTE O QUE ACONTECE COM VOCÊ

 

Cada dificuldade na vida nos oferece uma oportunidade para nos voltarmos para dentro de nós mesmos e recorrermos aos nossos recursos interiores escondidos ou mesmo desconhecidos. As provações que suportamos podem e devem nos revelar quais são as nossas forças.

As pessoas prudentes enxergam além do incidente em si e procuram criar o hábito de utilizá-lo da maneira mais saudável.

Quando houver um acontecimento imprevisto, não reaja impensadamente: volte-se para seu íntimo e pergunte a si mesmo de que recursos você dispõe para lidar com aquilo. Mergulhe fundo. Você possui forças que provavelmente desconhece. Encontre a que necessita nesse momento. Use-a.

Se está diante de uma pessoa sedutora, o recurso necessário é o autodomínio. Se o momento é de dor ou fraqueza, use a sua capacidade de resistência. Se você sofreu uma agressão verbal, recorra à paciência.

Com o passar do tempo e a consolidação do hábito de combinar o recurso interior adequado com cada incidente, a sua tendência para ser levado pelas aparências da vida pouco a pouco vai desaparecer. Desaparecerá a sensação de estar sendo dominado, oprimido pelos fatos o tempo todo.

 

Epicteto. A arte de viver: o manual clássico da virtude, felicidade e sabedoria. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

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