Pequena xilogravura erótica shunga 春画 em formato surimono 刷り物 que é, na verdade, um calendário ilustrado egoyomi 絵暦 para o primeiro ano da era Bunsei 文政 (1818-1830). Durante a década de 1760, tornou-se febre entre samurais de status elevado e ricos comerciantes a aquisição de egoyomi. Tratava-se de uma elite que apreciava se reunir em círculos poéticos, onde apresentavam suas composições e avaliavam as dos colegas, debatendo os méritos e deméritos dos versos. O interesse por egoyomi seguiu fórmula parecida. Utilizado no Japão até o período Meiji 明治時代 (1868-1912), o calendário lunar era mutável, com meses longos de trinta dias e meses curtos de vinte e nove dias. Os egoyomi eram xilogravuras de folha avulsa contendo, oculta nas imagens, a ordem correta dos meses longos e curtos. Quanto mais elegante e engenhoso o calendário, maior a apreciação. Os samurais e comerciantes não poupavam custos na disputa por produzir o mais belo egoyomi e, para tal, ofereciam grandes somas aos artistas de ukiyo-e 浮世絵 mais renomados — que, por sua vez, agarravam com unhas e dentes as oportunidades para levar aos limites o potencial expressivo das xilogravuras. Assim, sucederam-se rápidos e importantes avanços nas técnicas de impressão.
Na era Meiwa 明和 (1764-1772), em que leis governamentais autorizavam apenas a um punhado de editores a produção de calendários, era comum aos indivíduos mais abastados encomendar egoyomi e intercambiá-los com colegas. Há quem afirme que, dada a independência que desafiava as regras vigentes, os meses longos e curtos eram escondidos de forma proposital.
Artista: Keisai Eisen 渓斎英泉 (1790-1848)
postagem em parceria com @pictures_of_the_floating_world
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