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Pequenos gestos

Atualizado: 17 de out.


Após a morte do marido, a mãe de Hojo Tokiyori 北条時頼 (1227-1263) se ordenou monja, ocasião em que adotou o nome Matsushita Zen’ni 松下禅尼. Seu filho, então com 20 anos, recém assumira o privilegiado posto de shikken 執権, regente, durante o xogunato Kamakura 鎌倉幕府 (1185-1333).

Certa vez, Tokiyori avisou à mãe que iria visitá-la. A posição que ocupava exigia o cumprimento de protocolos, razão pela qual, desde cedo, a residência se encontrava num atarefado vaivém de faxinas e preparativos para a recepção.

Zen’ni percebeu rasgos nos shoji 障子, as portas corrediças com treliças de madeira revestidas de papel translúcido. Então, começou a recortá-los com uma pequena faca, remendando os locais com papel novo.

Observando a cena, alguém se aproximou.

“Remendar somente as partes danificadas é um trabalho exaustivo. Seria muito mais simples trocar a folha inteira. Além disso, a porta está toda retalhada. Não considera impróprio?”

Aos comentários, a monja verbalizou aquilo que comunicava com gestos.

“Hoje em especial tudo permanecerá sem ser substituído. Não se deve descartar os objetos apenas porque uma pequena porção está avariada. É preciso restaurar e manusear as coisas com carinho. Quero que Tokiyori entenda isso.”


Hojo Tokiyori foi reconhecido por sua administração e justiça. Em uma das lendas em torno da sua figura, o regente teria viajado incógnito por todo o território japonês, de modo a vistoriar as verdadeiras condições de vida da população e, assim, ser capaz de melhorá-las.


Às vezes, palavras não importam: somos incapazes de transmitir nossos valores às crianças. O comportamento dos pais é o que acaba por demonstrar quais preceitos são de fato importantes.

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