Era galopante o índice de desemprego na China da dinastia Han (206 a.C.-220 d.C.), de modo que só restava ao jovem Han Xin (231-196 a.C.) passar os dias às margens do rio, vara de pesca nas mãos, em busca de alimento. Nesse ínterim, dedicava-se à leitura de A arte da guerra, de Sun Tzu (544-496 a.C.).
“Um dia, serei um grande general”, idealizava.
Certa vez, na cidade, foi abordado por um provocador.
“Ei, você, de espada na cintura e ar superior. Aposto que, no fundo, é um bosta.”
Ao perceber os passantes diminuindo os passos, o sujeito se inflamou.
“Então, não vai reagir? Covarde. Ordeno que fique de quatro e passe por debaixo das minhas pernas.”
Em silêncio, Han Xin encarava o adversário. Por fim, obediente, colocou-se de joelhos e rastejou pelo chão.
À época, a China vivenciava o colapso da dinastia Qin (221-206 a.C.). Guerras eclodiam por todo o território. Han Xin alistou-se e participou de inúmeras batalhas. Como recompensa, foi promovido a comandante em chefe, liderou tropas e obteve importantes vitórias. Após a consolidação do país sob o domínio de Han, o imperador Gaozu (256-195 a.C.) o nomeou governador da província de Chu.
Tão logo assumiu o cargo, Han Xin convocou à sua presença o homem que o humilhara.
Resignado, o provocador estava seguro do veredicto: a morte. Porém, surpreendentemente, Han Xin o promoveu a primeiro-tenente. Ao apresentá-lo aos generais e ministros, declarou:
“Certa feita, este sujeito me rebaixou de tal forma que desejei tirar sua vida. No entanto, o ódio momentâneo faria de mim um criminoso, e isso impediria que me tornasse quem sou. Graças a ele, aprendi a ser paciente.”
São muitos os que, cegos de cólera, arruínam suas vidas. Quando há certeza nos objetivos futuros, submeta-se às eventuais humilhações que surgirem durante o caminho.
Releve. A vida é curta.
Comments