Gestos, não justificativas, parte final
- c33editora
- há 1 dia
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Atualizado: há 8 horas

Sua gentileza, esse coração maravilhoso que almeja enxergar o bem nos demais, não é uma fraqueza. No entanto, se utilizado da maneira errada, poderá ser catastrófico. Há quem desenvolva ideias de 1 milhão de dólares, porém investe a energia em problemas de 1 centavo. Outros trazem a grandeza dentro de si, todavia se encontram ocupados com problemáticas alheias para permitir que aflore. Há quem possa transformar o mundo, mas se engessa ao querer mudar quem não almeja mudança.
Chega. Dê um basta. O verdadeiro poder não reside em modificar os demais, mas na forma como interage com estes. Não em redefinir o comportamento alheio, mas o próprio. Considere um banco. Um banco não oferece empréstimos a devedores, fia-se em provas em lugar de promessas, em desempenho em vez de potencial. Aja de modo similar: sua confiança é a moeda, seu tempo o investimento, sua energia os recursos.
Permita-me dissertar acerca de respeito. Respeito de fato, não gestos hiperbólicos ou desculpas monumentais, feito de momentos sutis, do cumprimento a horários e ao que foi acordado, de ser quem se é mesmo quando ninguém observa. Há quem atravesse a existência a implorar perdão: são os pranteadores profissionais, que alçam justificativas à forma da arte. Não se trata de sujeitos habilidosos, mas meros manipuladores, e você é por demais esperto e valioso para ser ludibriado.
O futuro o convoca. Não para remendar gente esfarrapada ou esperar mudanças que jamais acontecerão. Ele o convoca para levantar-se, construir, criar, tornar-se. Cada momento dedicado a transformar alguém é um momento que poderia ser utilizado para o próprio aprimoramento. Cada segundo investido em compreender desculpas ocas poderia ser redirecionado à realização pessoal. É possível reaver dinheiro, renovar relacionamentos, redescobrir oportunidades. O tempo, não. O tempo é inclemente, então por que desperdiçá-lo em esperas infindas, em mudanças superficiais e escusas vazias?
A verdadeira mudança grita gestos e sussurra justificativas. Não necessita público ou aprovação, apenas comprometimento. Deseja testemunhar uma conversão genuína? Observe os demais em situações sem perspectiva de ganhos pessoais, seu comportamento quando não há plateia para aplaudir ou recompensas além da satisfação em fazer o certo. Trata-se de caráter. Integridade. Aquilo que deveria buscar em si e nos demais. Enquanto se ocupar da vida alheia, a vida alheia se ocupará de você. Caso aceite pretextos, talvez também os utilize. Enquanto oferece chances, talvez perca as próprias. Suas crenças se solidificam em atitudes, as escolhas reverberam seus valores? Você é quem atesta ser ou se tornou especialista em elencar pretextos pelos quais não é?
Neste momento, não é mais sobre os demais: é sobre você. Sobre quem gostaria de se tornar. Ao aceitar menos do que é digno, subentende ao mundo o quanto vale. Ao permitir desculpas ao vento, corrobora que palavras bastam. Ao ignorar a verdade diante dos olhos, engana a si. Basta de mentiras e tolerância. Sua vida é um livro, cada dia uma página, cada gesto uma frase, cada escolha uma palavra. Está satisfeito com a narrativa? O mundo anseia pela sua história, sua verdade, sua potência — reivindique-os.
A hora é agora, o lugar é aqui, a pessoa é você. Aproprie-se da sua potência, tempo e confiança e ofereça-os a quem se faça merecedor por meio de gestos, não justificativas. De consistência, não promessas. Conduta, não sofismas. Você merece mais do que justificativas, promessas e sofismas. A começar já. Só depende de você.
Escolha com sabedoria e convicção. O futuro o aguarda. Erga-se altaneiro, mantenha-se calado e apenas faça.
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