Por Juliana Maués
A prática antiga de utilização da tatuagem como punição a condenados foi retomada durante o período Edo 江戸時代 (1603-1868). Não há certeza quanto ao momento exato em que o método reapareceu. Segundo alguns pesquisadores, já existiria nas eras Kanbun 寛文 (1661-1673) e Tenna 天和 (1681-1684). Para outros, iniciou-se apenas na era Kyoho 享保 (1716-1736), durante o mandato do xógum Tokugawa Yoshimune 徳川吉宗 (1684-1751). Tido como um governante benevolente, Yoshimune teria instituído, em 1720, a tatuagem punitiva como substituta à prática de amputação de nariz e orelhas, conhecida como hanamimisogi 鼻耳削ぎ. No Código dos cem artigos promulgado pelo xógum, a tatuagem é citada como punição para crimes leves, como roubo, fraude e extorsão.
No aspecto formal, a tatuagem penal do período Edo tinha formas simples e variava de acordo com a região, seguindo a organização autônoma dos domínios de cada daimiô. Era constituída de linhas ou kanji com significados pejorativos — aku 悪 (ruim) e inu 犬 (cão), por exemplo — e marcada em lugares visíveis do corpo, como rosto ou braços. Quando instituída como punição, a tatuagem abandona o antigo nome gei 黥, derivado do vocábulo chinês para a prática, e passa a se chamar irezumi 入墨, tinta inserida.
A tatuagem como punição se integrava de modo harmônico com o modelo de justiça adotado pelo xogunato, que não prezava por uma fiscalização ampla e cuidadosa, mas pela escolha de casos e punições exemplares que incitassem medo nos demais. A tatuagem também contribuiria para que a própria população se encarregasse de excluir o tatuado da sociedade.
O uso de tatuagens punitivas foi abolido apenas na era Meiji 明治時代 (1868-1912).
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