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Pra que eu te perceba no toque das mãos


Tudo leva a crer que o artista, Kitagawa Utamaro, representou a si mesmo numa troca de fluidos com a amante. Confundível com o penteado da moça, é possível distinguir apenas um de seus olhos. O rosto está oculto pela jovem de costas para o observador, o que camufla os sentimentos dos amantes, em geral explícitos nas expressões contorcidas, nas mãos que amassam lenços higiênicos e nas imensas genitálias.

Restam as pistas deixadas por Utamaro: os gestos graciosos e carinhosos das mãos; as nádegas semiencobertas; a fluidez dos tecidos, que encobrem enquanto revelam os corpos. Nos versos impressos no leque, o homem é comparado a uma ave frustrada por uma ostra teimosa.


hamaguri ni

hashi wo shikka to

hasamarete

shigi tachikanuru

aki no yugure


蛤に

はし(嘴)をしっかと

はさまれて

鴫立ちかぬる

秋の夕ぐれ


de bico preso à concha

a narceja é incapaz de voar

tarde de outono


A estampa pertence a Uta makura, poemas da alcova, álbum com doze xilogravuras publicado em 1788 no formato oban yoko-e 大判横絵, 24x37 cm. Obra-prima indiscutível do gênero erótico shunga 春画, é considerada por muitos a imagem mais bela de todo ukiyo-e 浮世絵.


Série: Uta makura 歌 (1788)

Artista: Kitagawa Utamaro 喜多川歌麿 (1753-1806)

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