Gestos, não justificativas, parte 2
- c33editora
- há 11 minutos
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Deixe-me desmembrar de forma simples. Se alguém disser que o valoriza, mas suas ações demonstram desrespeito, acredite no último. Se alguém declarar amor a você, porém sua conduta reflete indiferença, aferre-se à esta. Se alguém afirmar que mudou, todavia mantém os mesmos padrões antigos, não se deixe enganar. Não se trata de cinismo ou inflexibilidade em conceder segundas chances, e sim sabedoria para separar o joio do trigo. É necessário resguardar a paz de espírito e compreender que a verdadeira mudança duradoura não ocorre ao ser flagrado em erro, mas por uma decisão consciente em se aprimorar.
Deseja certificar-se de que alguém mudou de fato? Observe como age quando não há interesses pessoais em jogo. Como trata aqueles que não oferecem vantagens, o que faz quando presume não ser observado. Mudanças palpáveis não são estrondosas ou acompanhadas de anúncios chamativos, promessas hiperbólicas ou lacrimosos perdões. Mudanças palpáveis são silenciosas e consistentes, visíveis em pequenas ações diárias, perceptíveis ou não.
Permita-me ir além. Algo talvez difícil de escutar, porém essencial: flagrar a verdadeira natureza de alguém não é sinônimo de remorso por parte deste, pelo contrário. Em geral, resume-se à mera frustração por ter sido descoberto. Existe uma grande diferença entre remorso e frustração — o primeiro transforma comportamentos, o último muda estratégias. Sabe a razão pela qual tantos permanecem com os padrões de outrora? Porque aceitamos suas verborragias, cremos que desta vez será diferente, confiamos em palavras em vez de atos. E sempre que o fazemos, indicamos a tais indivíduos que basta se desculpar e aguardar na surdina até que tudo se acalme, para então retornar ao habitual.
Hoje, aqui e agora, isso mudará. Você começará a se fiar em padrões e resguardará sua paz interior ao atentar àquilo que os demais fazem, não dizem. Ações não demandam explicações nem contextos, sentenças rebuscadas ou justificativas elaboradas. Ações são suficientes para revelar caráter, valores e respeito ao próximo.
Pense naqueles ao redor: seus gestos harmonizam com o discurso, a teoria se adéqua à prática? Em caso negativo, é imprescindível tomar decisões. Decisões difíceis, porém necessárias, que talvez machuquem agora, contudo o resguardarão no longo prazo. Porque, ao fim e ao cabo, não se trata somente da escolha de quem confiar, mas do tipo de vida que busca para si. Almeja se questionar amiúde, em antecipação ao inevitável, na esperança de que desta vez será diferente? Ou opta por confiar no seu juízo de valor, acreditar naquilo que enxerga, aceitar os outros de acordo com suas condutas?
Lembre-se que, sempre que aceitar um pedido de perdão sem mudança sensível de comportamento, se decepcionará. Sempre que priorizar o discurso à ação, ignorará a própria sabedoria. Digo por me preocupar com seu futuro, por haver testemunhado tanta gente maravilhosa desperdiçar tempo, energia e potencial com pessoas indisponíveis à mudança. Acredite em ações, não retóricas. Padrões, não promessas. Comportamentos, não palavras.
É possível ser ludibriado com frases de efeito, todavia gestos sempre revelarão a verdade.
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