Foi no século 10 que surgiram os boatos. O lago Biwa 琵琶湖 e o monte Fuji 富士山 haviam sido criados no mesmo período — no mesmo ano, aliás. Brincando de SimCity, as divindades reaproveitaram a terra cavoucada do primeiro para formar o segundo. Na época, um homem de ciências afirmou ser matematicamente impossível, afinal a massa do Fuji era trinta e seis vezes superior ao volume do Biwa. Em vão. O evento inclusive teria ocorrido em uma data específica, no quinto ano do reinado de Korei 孝霊天皇 (342-215 a.C.), sétimo imperador do Japão, correspondente a 286 a.C.
Sentados em banquetas de armar e escoltados por quatro serviçais, dois importantes samurais, quiçá oficiais do governo, testemunham admirados a aparição da montanha milagrosa no horizonte. Seus dedos se contorcem de espanto. Ao lado, meia dúzia de aldeões trata de fazer um registro detalhado do fenômeno. Todos contemplam fixos o Fuji, à exceção do sujeito apontando ao escriba algo à direita.
O que seria mais interessante que o nascimento do monte sagrado?
Título: Korei gonen Fujimine shutsugen 孝霊五年不二嶺出現
Série: Fugaku hyakkei 富嶽百景 (1834)
Artista: Katsushika Hokusai 葛飾北斎 (1760-1849)
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