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Vista número 19: não sei, não vi, não sou

É outono e os viajantes acendem a fogueira de folhas secas de bordo sob uma árvore secular transformada em santuário koshin 庚申, crença de origens taoístas, xintoístas e budistas que apregoa o koshinko 庚申講, evento que ocorre a cada sessenta dias no qual os sanshi 三尸, trio de entidades que habita cada ser humano, deixam o corpo do hospedeiro quando adormecido para relatar suas boas e más ações a Tenno 天王, o Criador. Então, Tenno pune aqueles que incorreram em erro com mal-estares, doenças graves ou, em casos extremos, a morte. Devotos da fé koshin buscavam conduzir a vida sem faltas, porém os pecadores optavam pelo koshin-machi 庚申待, que é permanecer insone nas noites de koshinko de modo a evitar que os sanshi abandonassem o corpo.

As três entidades sanshi


Com a popularização do koshin no período Edo 江戸時代 (1603-1868), houve uma proliferação de festividades e cultos, em especial a Shomen Kongo 青面金剛, divindade de seis braços e rosto verde-azulado furioso capaz de adoentar os sanshi, impedindo-os de comparecer perante o Criador. A imagem de Kongo, então, associa-se às dos três macacos mizaru 見猿, o que nada vê, iwazaru 言わ猿, o que nada fala, e kikazaru 聞か猿, o que nada escuta.

Shomen Kongo


Nas estradas e residências, era comum se deparar com koshinto 庚申塔, lápides esculpidas em formatos que apresentavam desde ideogramas ao próprio Shomen Kongo acompanhado dos macacos.

Modelos de lápides koshinto

 

Título: Enchu no Fuji 烟中の不二

Série: Fugaku hyakkei 富嶽百景 (1834)

Artista: Katsushika Hokusai 葛飾北斎 (1760-1849)

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