Gestos, não justificativas, parte 1
- c33editora
- 9 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de mai.

Escute com atenção. O que falarei talvez transforme a sua vida.
Todas as manhãs, levanto-me e pergunto à imagem que me olha no espelho: em quem irei confiar hoje? E a resposta nunca se esteia em palavras, mas em ações.
Entenda, já possuo experiência suficiente para saber que palavras são vazias. Vazias. Todos têm sempre algo a dizer, cheios de explicações e justificativas na ponta da língua. Mesmo assim, afirmo que seus gestos gritam mais alto que a verborragia.
Encaremos a verdade. Quantas vezes escutou alguém se desculpar para, em seguida, incorrer em erro idêntico? Quantas vezes acreditou em ocas palavras açucaradas? As pessoas não mudam, apenas se aprimoram em esconder a verdadeira natureza. Não que sejam más, porém mostrarão exatamente quem são por meio de gestos, em quaisquer circunstâncias. Basta estar alerta. Imagine a seguinte situação: alguém se compromete a encontrá-lo às oito e aparece às nove. Qual a mensagem implícita? Fulano não somente desperdiçou seu tempo, mas também revelou o quanto desconsidera você. Trata-se de uma ação, um movimento — apreenda a verdade implícita.
É algo que acontece em relacionamentos e nos negócios. Há quem prometa mundos e fundos, que jure de pés juntos estar transformado — as desculpas mais sinceras jamais ouvidas. No entanto, atente-se ao que fará em seguida, que caminho tomará quando pressupor ninguém estar olhando, a forma como tratará os demais quando estes não tiverem nada de vantajoso para oferecer. Digo isso porque talvez você esteja concedendo uma segunda oportunidade a quem não merece. Talvez deposite sua confiança em palavras no lugar de ações e se desaponte: ao acreditar na mudança com tamanho ímpeto, é possível que ignore aquilo diante dos olhos.
Permita-me compartilhar uma história. Certa vez, conheci um rapaz brilhante com o futuro à frente, porém insistia em confiar nas pessoas erradas. Por quê? Escutava o que era dito em vez de analisar o que era feito. O jovem oferecia novas chances, e mais uma, e outra — a cada vez, a decepção era maior. Um dia, disse-lhe: a razão pela qual não progride não está em confiar demais no próximo, mas nas suas palavras em vez de ações.
Padrões não mentem. Quem sempre se atrasa não se torna pontual do dia para a noite. Quem se escora em justificativas não fica responsável num passe de mágica. Quem quebra promessas não se transforma repentinamente em um exemplo confiável. Talvez aja diferente por um período, porém, sob pressão, debaixo de estresse ou quando acredita estar sozinho, retorna a ser quem de fato é.
Eis a dura verdade, aquela que ninguém deseja escutar, porém necessita saber: acredite nas pessoas a primeira vez. Jamais na segunda ou quando forem descobertas, para então se derramarem em pedidos de perdão. Isso porque o momento inicial é o mais honesto, quando é possível enxergar o indivíduo em suas cores verdadeiras, antes de ele perceber a necessidade de assumir um personagem, descobrir aquilo que você deseja escutar, atinar como manipular sua índole.
Pare de cair nos mesmos velhos truques. Deixe de acreditar que, ao ser descoberto, o outro mude. Não aceite perdão sem estar atrelado a ações palpáveis. Desconfie de palavras em desacordo com os gestos. Você merece mais do que promessas vazias — é digno de gente cujos padrões espelham o discurso. E, acima de tudo, confie em julgamentos baseados naquilo que vê, não que escuta.
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