E eis que o pesquisador partiu para estudar os costumes do Paraíso e do Inferno. Primeiro, dirigiu-se ao mundo inferior. Quando lá chegou, era hora do almoço. À mesa, os piores tipos. Ao observar a refeição, porém, notou se tratar de um banquete.
“Curioso...”, refletiu.
Mesmo assim, os comensais eram pele e osso de magros. Então, percebeu que manuseavam hashi bastante longos, que os impossibilitava de levar a comida à boca. Famintos e impacientes, os condenados tentavam roubar a comida uns dos outros, descambando em uma disputa feia de assistir.
Em seguida, o homem rumou ao Paraíso. Era hora do jantar, e todos se encontravam à mesa. O cardápio era idêntico ao do Inferno, assim como os hashi desproporcionais.
“Apesar disso, os habitantes são rechonchudos. Onde está a diferença, afinal?”, questionou-se.
Em instantes, a dúvida foi dissipada. Tão logo pinçava o alimento com os hashi, o sujeito o oferecia ao colega no lado oposto.
“Por favor, sirva-se”, dizia.
“Obrigado”, respondia o outro. “Permita-me retribuir sua gentileza.”
O que diferencia o paraíso do inferno é a atitude dos seus habitantes.
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