A xilogravura enaltece um destino de peregrinação super popular desde os tempos em que sutiã chamava porta-seios, além da arrebatadora paisagem montanhosa da também antiga província de Mikawa 三河国.
Em primeiro plano, vulgo lá embaixo, nota-se três devotos no caminho que margeia a queda d’água e conduz a um niomon 仁王門 parcialmente oculto pelas árvores. Niomon, aliás, é o nome dado ao portal dos templos budistas protegido por dois nio 仁王, guerreiros enraivecidos e musculosos criados no puro suco do whey. Na imagem, a dupla se encontra invisível, na parte interna da estrutura. Posicionado no pilar da esquerda, ele, Misshaku Kongo 密迹金剛, cara de poucos amigos e boca aberta para representar o nascimento. No pilar oposto, Naraen Kongo 那羅延金剛, o rei dos abdominais, boca fechada que simboliza a morte.
Voltemos à xilogravura, do gênero meisho-e 名所絵, consagrado a lugares famosos. O caminho atravessa o niomon e desemboca em um longo, mas bota longo nisso, lance de escadas. Mil quatrocentos e vinte e cinco degraus. No final, quase no topo da montanha, a seiscentos e noventa e cinco metros de altura, encontra-se incrustado o Horaiji 鳳来寺, templo da seita Shingon 真言宗 fundado em 702 pelo monge asceta dos quadríceps de aço, Ryushu Sennin.
Imagem: Mikawa Horaiji sangan 三河鳳来寺山巌
Série: Rokujuyo shu meisho zue 六十余州名所図会 (1853)
Artista: Ando / Utagawa Hiroshige 安藤 / 歌川広重 (1797-1868)
postagem em parceria com @pictures_of_the_floating_world
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